Sentimento em bolha

O ódio saiu à rua
De braços abertos e gritos ao alto
Desencaminhando as gentes
Orientando sobressaltos

Dando mão aos angustiados
Apoio aos desconsolados
Voz aos calados que viam
Força ao que calavam

E deixou dor e tristeza
Palavras em campos desertos
Onde a ilusão era de paz
E a primavera dos despertos
Em ignorar o que ele fazia sentir
Os pensava fazer ver
E dizia por vezes ouvir

Despertos de olhos fechados
A este manifesto contagiante
De vida que se solta
Das entranhas mais cruéis
Do profundo ser revoltado
Que se alimenta da fome do homem
Que pela vida fica amaldiçoado

Que vivem a desprezar a origem e o sentido
Mesmo que ele exista
Pois não há razão para ser consumido
Por um fogo de vista

Pois não somos mais
Do que uma bola de sabão
Encaminhada num espaço sem dó
Por rajadas do tempo sem fim

Que com medo de arrebentar
Por atingir o chão
Se tenta explodir por si só
Com coordenadas para o fim

MCardoso
(texto original)

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